08 maio 2008

Selecções Femininas - parte IX

Existe o "elixir" da felicidade?
Por Charlotte Rix


"Ao arrancar a última folha do nosso velho calendário, ao começar uma agenda novinha em folha, interrogamo-nos: o que nos reservará o novo ano?
Descontraídos ou inquietos, segundo o nosso temperamento, tentamos levantar um pouco a espessa cortina que nos separa do futuro. Chagamos, até, a ler os prognósticos de célebres videntes, sem neles acreditar verdadeiramente, ou a procurar estabelecer as nossas probabilidades, fazendo uma espécie de balanço. Mas, apesar destas tentativas aleatórias, sabemos muito bem que nada nos permite vislumbrar, realmente, os acontecimentos futuros. só nos resta esperar que eles se realizem.
Os votos de felicidade, trocados há pouco, irão torna-se letra morta? A isso também não podemos repsonder com segurança. Felizmente, fica-nos a esperança, que nos ajuda a enfrentar a incerteza.
Os optimistas não perdem tempo diante da sua agenda de folhas virgens. Para eles a vida será cor-de-rosa, aconteça o que acontecer. Para eles, a existência é uma festa contínua, e, se, como toda a gente, tiverem de passar por maus momentos, nunca se deixarão desencorajar. Nada, absolutamente nada, pode alterar o seu bom humor. Privilegiados pelo destino, nasceram para serem felizes e ganhar todas as batalhas. Esta famosa receita da felicidade, que tanta gente procura sem sucesso, conhecem-na eles, desde que nasceram.
Para cada um a sua felicidade. Interrogai cem pessoas e vereis que não há duas que sejam felizes da mesma maneira. O que satisfaz plenamente uns, decepciona os outros. No entanto, existem certos factores indispensáveis, sem os quais não se pode, senão excepcionalmente, chegar ao cume da felicidade. A saúde, por exemplo, desempenha um papel vital na conquista da felicidade. Contudo, os que a gozam não sabem, senão raramente, apreciá-la pelo seu justo valor. Eles querem outra coisa, muitas outras coisas.
O ponto de vista deles. Quando se interroga uma personalidade ou uma vedeta, nove em cada dez vezes, pergunta-se-lhe: «Que pensa da felicidade?» Ou «É feliz»? E nove vezes em cada dez, a pessoa interrogada desembaraça-se da pergunta com um trejeito, respondendo mais ou menos evasiavamente. Com efeito, é muito difícil ser concreto em semelhante matéria. Há tantas versões da felicidade que parece praticamente impossível fixar-se definitivamente, porque aquilo que é perfeitamente válido hoje, já não o será talvez amanhã, ou depois de amanhã.
«Count your blessing»; este provérbio inglês diz exactamente o que é preciso para ser sempre feliz, aconteça o que acontecer. «Contai as vossas bençãos», fazei uma espécie de balanço, pondo de um lado os favores da sorte, e do outro, as experiências dolorosas.
E se souberdes reconhecer os pontos positivos, vereis que ultrapassam largamente os vossos desgostos. A conta, em vez de vos parecer deficitária, será, pois, satisfatória. Somente o que não querereis é admiti-lo.
Encontrar uma receita para ser feliz, eis o que muita gente deseja mas não consegue. Seria mais fácil procurar o meio de não estar descontente com a sua própria existência.
Em vez de maldizer a sua sorte, porque tem de se levantar, quando ainda deseja dormir, faria melhor se se alegrasse por poder partir. Os que estão amarrados a uma cama, por causa de um acidente ou de uma enfermidade, ficariam encantados de o poderem fazer. Servimo-nos dos olhos para ver, das pernas para andar, são bens imensos que, tão raramente, se estimam pelo seu justo valor...
Fazer o mesmo com o amor. Quantos casais, que se amam profundamente, nem sequer vêem até que ponto são privilegiados. Desprezam a sua felicidade, abandonam-na, tratam-na levianamente porque a consideram assegurada. E, no entanto, eles deveriam, todos os dias, repetir a si próprios que são felizes, pois só assim conseguirão aproveitar um dos raros bens do destino. há inúmeras pessoas privadas desse bem, e que dariam tudo o que possuem para o alcançar.
Ter a alma em paz é, ainda, uma «benção» desconhecida de muitos. Por que não admiti-la entre os principais «ingredientes» previstos para a receita da felicidade? Os que souberam atingi-la são sempre serenos, não conhecem nem os exageros do desejo, nem o fogo do ciúme, contendando-se com o que é justo e renunciando, sem desgosto, ao restante.
Saber limitar as ambições em função das suas possibilidades é, sem dúvida, um dom, mas que pode ser cultivado. Quanta amargura e rancor poderiam poupar-se admitindo isto. Em vez de querer trinufar num domínio em que apenas se pode ser medíocre, faríamos melhor em fixarmo-nos num objectivo acessível, e, depois fazermos tudo para o atingir. Uma tarefa cumprida, por mais humilde que seja, dá sempre uma profunda satisfação.
A felicidade é, geralmente, de curta duração; para usufruí-la plenamente, não se deve perder um minuto. Quantas vezes a deixamos passar sem a reconhecer, só nos dando conta disso mais tarde. Vós, que procuraia uma receita infalível para sre feliz, vêde bem primeiro se não o sois já sem o saberdes. Nove vezes em dez, descobrireis, então uma ou mais razões para estardes satisfeitos; vós, que julgastes ser infelizes, esquecidos pela felicidade.
Sêde optimistas, não exigindo demais do destino, e olhai em torno de vós para compreender que, apesar de tudo, nascestes sob uma boa estrela."

Sem comentários: