De matar galinhas 
Porém são capazes 
De comer galinhas 
O dinheiro cheira a pobre e cheira 
À roupa do seu corpo 
Aquela roupa 
Que depois da chuva secou sobre o corpo 
Porque não tinham outra 
O dinheiro cheira a pobre e cheira 
A roupa 
Que depois do suor não foi lavada 
Porque não tinham outra 
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto" 
Assim nos foi imposto 
E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão". 
Ó vendilhões do templo 
Ó construtores 
Das grandes estátuas balofas e pesadas 
Ó cheios de devoção e de proveito 
Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem. 
Sophia de Mello Breyner Andresen

Sem comentários:
Enviar um comentário