05 maio 2008

Selecções Femininas - parte VII


O AVESTRUZ, a mais gigante ave do mundo não serve só para enfeitar chapéus!...


"Têm um ar distinto e severo, uma tristeza escondida no olhar e não é nada fácil contactar com eles. O seu porte altivo parece querer fazer-nos lembrar que o avestruz sul-africano é a maior ave que existe no mundo e de genuína ascendência pré-histórica. É um animal rude que luta com ferocidade, usando as suas grandes patas de ave corredora, com as quais dá fortíssimos golpes. As patas do avestruz são divididas em dois dedos e providas de um perigoso esporão em forma de cimitarra.
No entanto, a sua agilidade a lutar e a correr é quase um disfarce para a incapacidade com que a Natureza o dotou: não poder voar, apesar de dotada de asas. Em tempos pré-históricos, podia lançar-se nos espaços, mas as suas asas, então bem desenvolvidas, degeneraram e hoje são curtas demais e as plumas têm um ar de abandono, como que cansadas de tentar o impossível. Apesar disso ficou-lhe o jeito de estender as asas e de movimentar com a graciosidade de uma ave pairando no espaço.
As lindíssimos penas do avestruz são apreciadas desde os tempos mais remotos. A Bíblia, certos documentos antigos e alguns hieróglifos egípicios provam-nos que este animal era já conhecido antes da era cristã. A sua carne seria mesmo apreciada, sendo interessante salientar que era uma das que os israelitas estavam proibidos de comer.
No século XVI, as damas inglesas descobriram a beleza que as penas de avestruz podiam dar a um chapéu e dois séculos mais tarde a elegante Maria Antonieta de França usava-as como adorno. Sedosas, de uma alvura imaculada ou de uma raríssima cor-de-areia, suaves e leves, estas penas fazem a delícia das mulheres requintadas, mas as donas de casa sul-africanas não parecem dar-lhes tão grande importância pois usam-nas para limpar o pó. Os grandes costureiros consideram-nas um adorno magnífico. Adorno ou espanador, a pluma do avestruz tem sempre utilidade.
Este estranho animal constitui a riqueza de muitos lavradores, principalmente no Pequeno Karoo, na República da África do Sul. A criação de avestruzes é feita em larga escala nesta região, onde existem 65 000 avestruzes domesticados. A criação em domesticidade iniciou-se ali em 1863, constituindo um novo ramo de actividade ligado à agricultura. Em 1913 as penas era um dos artigos de exportação mais importantes, imediatamente depois do ouro, diamantes e lã. Houve, a seguir, uma quebra ruinosa neste mercado, a tal ponto que um quilo de plumas, que antes valia cerca de dezasseis mil escudos, passou a custar o preço de um espanador. Muitos agricultores, anteriormente enriquecidos com tão rendoso comércio, perderam as suas fortunas e os seus «palácios de avestruzes» caíram em ruínas.
Hoje a produção de penaas tal como a sua industrialização é feita em moldes totalmente novos. Por isso, o perigo de uma repetição do que aconteceu há cinquenta anos foi afastado, posto que essa produção deixou de depender unicamente de um mercado externo. A procura não se limita às plumas, a carne é, também, muito aprecida, especialmente a das pernas e os músculos compridos do dorso, que é preparada como «biltong». A pele é aplicada na fabricação de sapatos, carteiras, malas de senhora, etc.
Até os ovos e as patas tem aplicação como objectos decorativos, depois de devidamente trabalhados. Poderão imaginar as leitoras a originalidade de ter em casa um candeeiro feito de uma pata de avestruz com um lindo esporão luzidio? Os ovos também são utilizados na alimentação, comem-se mexidos com leite e equivale cada um a duas dúzias de ovos de galinha, pois chegam a pesar dois quilos.
A criação de avestruzes tornou-se novamente rendosa, requerendo um pequeno capital, pois as aves vivem em campos, apenas limitados com simples divisórias de rede. A sua alimentação tem por base certas plantas selvagens. Ao contrário do que se diz, o avestruz não come tudo o que se lhe depara. É certo que engole pedras, particularmente determinadas pedras brilhantes, com o tamanho de berlindes, com o fim de lhe facilitar a digestão dos alimentos que come inteiros.
Vemos portanto que, hoje em dia, já não é só pelas plumas que a criação do avestruz é economicamente importante. As penas - principalmente as brancas, que constituem a primeira camada que os machos têm nas asas - são absorvidas pelo mercado de alta costura. Mas são apenas 20% do total, o restante é utilizado na indústria dos espanadores.
Em Oudtshoorn, há um matador especial para avestruzes, equipado com material do mais moderno. As aves ali abatidas são utilizadas não só no «biltong» como na preparação de enchidos, sendo a gordura consumida pelas fábricas de sabões. Como já se referiu, a pele é também aproveitada, chegando a valer cada uma 800$00, antes de manufacturada.
Desta forma, mesmo que as penas deixassem de interessar ao mercado externo, a criação de avestruzes continuaria a justificar-se na África do Sul, dada a possibilidade de consumo, dentro do país, não só das penas como dos produtos e subprodutos atrás referidos.
No entanto, os costureiros que ditam a moda continuam a servir-se das penas do avestruz para adornar as mulheres elegantes. E se estas penas não serviram ao avestruz para voar, servem para fazer voar o dinheiro de quem as quiser adquirir, para com elas se alindar..."

1 comentário:

pauloduartebarbosa disse...

Sabes o que é um Avestruz?
























É uma ave tão pesada, tão pesada, tão pesada que, quando começa a voar, a Ave... Struz!!





o_O












:D