04 dezembro 2010

03 dezembro 2010

"Tudo o que era mau atraía-me:

gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil."


Assim sou eu.



Obrigada Bukowski

02 dezembro 2010

Dreamers

Bet - Times are hard for dreamers.
Soenen - Times are much harder for those who can't dream.

01 dezembro 2010

Charles Bukowski "Bluebird"

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pur whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?

Bukowski

"The Days Run Away Like Wild Horses Over the Hills"

02 novembro 2010

SOME LIKE IT HOT

Desassossego MAS SÓ PARA ALGUNS!


"João Botelho escolheu esta forma de exibição, porque "Filme do desassossego" é "demasiado precioso para ser ouvido com coca-colas, pipocas e telemóveis em centros comerciais", disse, embora tenha explicado que não quer recorrer a este modelo para os próximos filmes." _ Renascença
Enfim, há quem se ache o melhor!
Que me lembre, os cinemas Medeia não têm pipocas, nem coca-colas! Quanto aos telemóveis esses tocam em qualquer lugar, porque não são os sítios que fazem as pessoas, mas as pessoas que fazem os sítios!
Podia perfeitamente passar num circuito de cinemas mais restrito e mesmo assim chegar a todos os interessados sem que estes andem de concelho em concelho a tentar uns bilhetinhos!
Mas para ver esta "preciosa" obra é necessário reservar com semanas e semanas de antecedência, caso contrário - esgotado!
De qualquer das formas, há pelo menos 18 trailers deste filme no Youtube.. com sorte quase que o conseguimos ver todo através da Internet! Uma vergonha... tantos trailers e tanta promoção mas só para uns poucos portugueses.
A produção cinematográfica nacional é tão escassa e pelos visto tem a tendência para só chegar a alguns de alguma elite que me escapa.
Estamos a falar de uma interpretação de uma obra de Fernando Pessoa, escritor nacional mas mundialmente reconhecido e leccionado nas escolas Portuguesas.
Acho inadmissível que não aproveitem este filme para fomentar não só o cinema português, como a própria literatura nacional!
Parece-me que Fernando Pessoa não seja matéria fácil para a maior parte dos alunos e talvez este filme ajudasse na compreensão da sua obra e ainda estimulasse à leitura em geral. Assim como inspirasse confiança às pequenas produtoras de cinema, que para além de dinheiro precisam sobretudo de condições!
Mas não, neste país mesquinho o importante é criar mais e novas elites, em vez de proporcionarem a "dita" cultura a todos os portugueses.
Lamento tudo isto, talvez assim o senhor João Botelho possa afirmar que teve sempre lotação esgotada com o seu precioso filme!

Então, que faça bom proveito!

Some velvet morning

29 outubro 2010

A Melhor Prova duma Real Amizade


"A melhor prova duma real amizade está em evitar os compromissos entre aqueles que se estimam. Ainda que devendo muito aos que muito me louvam, eu não quero ser-lhes obrigada pela gratidão. Mas sim grata porque estou com eles, devido a circunstâncias que a todos nós agradam e são um laço mais entre nós, sem constituírem um dever. Eu pretendo dizer da amizade o que Diógenes dizia do dinheiro: que ele o reavia dos seus amigos, e não que o pedia. Pois aquilo que os outros têm pelo sentimento comum não se pede, é património comum. Neste caso, a amizade."

Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'

Que o teu silêncio não te perturbe mais, o quanto a mim me perturbou.

THINGS JUST HAPPEN!!

25 outubro 2010

the rhythm of lust

the silence of the lion breaks the bomb's tic-tac

the beat of my heart is slow

just for you I feel the rhythm of the universe

I lose my breath because I imagine you kissing me

death comes with our pulse

Ansiosa por RANGO!

21 outubro 2010


Pede-se a uma criança: Desenha uma flor!

Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!"

Almada Negreiros
in "O Regresso ou o Homem Sentado - III parte"

some girls wander by mistake

20 outubro 2010

Fundo do mar

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Obra Poética I

15 outubro 2010

PARABÉNS, amor.

"Pierrot escondido por entre o amarello dos gyrassois espreita em cautela o somno d'ella dormindo na sombra da tangerineira.
E ella não dorme, espreita tambem de olhos descidos, mentindo o sôno, as vestes brancas do Pierrot gatinhando silencios por entre o amarelo dos gyrassois.
E porque Elle se vem chegando perto, Ella mente ainda mais o sôno a mal-resonar.
Junto d'Ella, não teve mão em si e foi descer-lhe um beijo mudo na negra meia aberta arejando o pé pequenino.
Depois os joelhos redondos e lizos, e já se debruçava por sobre os joelhos, a beijar-lhe o ventre descomposto, quando Ella acordou cançada de tanto sôno fingir.
E Elle ameaça fugida, e Ella furta-lhe a fuga nos braços nús estendidos.

E Ella, magoada dos remorsos de Pierrot, acaricia-lhe a fronte num grande perdão. E, feitas as pazes, ficou combinado que Ella dormisse outra vez."

Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'