29 abril 2008

Selecções Femininas – parte V



O tabaco e a beleza feminina

“As mulheres que fuma são, nos nossos dias, cada vez maior número. Não será, portanto, descabido referir-me, nestas páginas e mais uma vez à influência que o uso do tabaco pode ter na beleza feminina. Suponho mesmo que é um problema que irá interessar a muitas das nossas leitoras mais recentes desta revista.
Não pretendo tomar partido a favor ou contra as mulheres que fumam, embora tenha a minha própria opinião a partir da qual oriento a minha conduta.
Há quem goste de ver uma mulher a fumar, pelo realce que o cigarro dá a um gesto, até mesmo porque, na opinião dessas pessoas, o cigarro dá um ar decidido e sublinha a personalidade.
Quanto a mim há mulheres a quem realmente, o cigarro fica bem e que sabem fumar com elegância. Outras não o devem fazer pois a sua personalidade, o seu encanto próprio ficariam comprometidos por uma atitude que lhes não coaduna.
No entanto, existem, também, aqueles que vão ao ponto de considerar o cigarro destruidor de toda a graciosidade feminina.
Deixando este assunto ao critério de cada uma, vamos tentar analisar o efeito que o tabaco pode ter na sua beleza, cara leitora, e dar alguns conselhos que talvez a possam ajudar.
Choca-nos, muitas vezes, o aspecto das mãos de certos fumadores, apresentando os dedos e as unhas amarelecidas e queimadas. Para evitar que isto lhe aconteça, pegue sempre no cigarro com a ponta que arde para cima, a fim de que o fumo lhe não atinja os dedos. Não deixe também que o cigarro arda até ao fim; deite-o fora quando não restarem mais de 2 ou 3 centímetros – é mais elegante e mais seguro. Se, apesar de tudo, verificar que os dedos lhe ficam amarelos, lave as mãos com água morna e sabão e esfregue as manchas com pedra-pomes impalpável e um pano molhado. Depois, enxugue as mãos e remova o que restar das manchas, esfregando com um pouco de algodão embebido em água oxigenada ou em sumo de limão. Os seus dedos ficarão mais limpos certamente.
A brancura dos dentes é, igualmente, um ponto extremamente importante para a beleza feminina. Com o uso contínuo do tabaco, os dentes tomam também essa mesma cor amarelada que atinge os dedos. Forma-se, principalmente pelo lado de dentro, uma camada mais tenaz, que resiste à limpeza diária, já que, normalmente, a escova não consegue chegar ali com facilidade. Para fazer desaparecer esta camada de cor negra que se forma na parte inferior da boca, só tem um remédio: ir ao dentista para que ele remova a substância que se acumulou e que escurece os dentes.
Deve esforçar-se por lavar cuidadosamente os dentes por ambas as faces usando uma escova tão dura quanto as suas gengivas lho consentirem e um bom dentífrico. Se, mesmo assim, a suas gengivas começarem a fiarem descarnadas use uma escova mais branda e, unicamente, só depois de a ter mergulhado durante algum tempo em água quente, e bocheche, todos os dias à noite com um pouco de água salgada tépida.
Se a leitora fuma bastante, já deve ter reparado no desagradável saibo que sente na boca pela manhã. Tão desagradável como esse saibo é o seu hálito. Naturalmente que o mau hálito pode ser devido ás mais variadas causas, como dentes cariados, mau funcionamento intestinal, doenças hepáticas, etc. Mas é necessário não esquecer que quem fuma tem o mau hálito mais acentuado, seja qual for a sua origem.
Além do tratamento das causas orgânicas, para o que se deve sempre consultar o médico, é necessário evitar o efeito do tabaco tendo o cuidado de fazer sempre uma meticulosa higiene da boca. Também, é aconselhável chupar, durante o dia, pastilhas aromatizantes, à base de mentol, que combatem o mau hálito e refrescam as vias respiratórias.
Os cabelos sofrem também os efeitos nocivos do fumo, muitas vezes apanham um cheiro característico que não pode ser facilmente disfarçado.
Mas é aos olhos, elemento mais importante da beleza feminina, que o tabaco pode causar maiores prejuízos. Há mesmo casos de cegueira provocados pelo fumo, como o afirmam os oftalmologistas. Na iminência deste último caso não há outro remédio senão deixar de fumar, por muito que isso custe.
Os olhos são uns órgãos extremamente delicados e irritam-se facilmente. Ao fim de um dia em que fumou mais do que lhe é habitual ou em esteve num ambiente pouco arejado e com muito fumo, sente com certeza os seus olhos irritados e congestionados, o que lhe provoca desconforto, cansaço e diminuição da nitidez visual. Para evitar estes desagradáveis inconvenientes, deve lavar os olhos com água morna, fervida. Aplicando-lhes depois pachos de água fria, também fervida.
Mas se, apesar de todo estes cuidados, os seus olhos se continuarem a ressentir-se do fumo, faça o sacrifício, porque a sua beleza e saúde o valem bem, deixe de fumar!
Para que consiga manter o seu sorriso depois de todos estes conselhos, aí vai um dito de humor que se atribui a um médico muito conhecido: “ Não sei se se deve ou não fumar. Do que não tenho dúvidas é que, se Deus quisesse que nós fumássemos, tinha-nos posto uma chaminé na cabeça!”


***
Curiosa esta perspectiva dos efeitos nocivos do tabaco. Há 40 anos atrás, já eram conhecidos alguns dos problemas de saúde, que inevitavelmente se reflecte na beleza da pessoa, independente de ser mulher ou homem.
No entanto, segundo Lucique – autora deste artigo, os problemas relativos à beleza física predominam, de tal forma que apresenta incontáveis conselhos para remediar os efeitos extremamente desagradáveis e visíveis no corpo feminino. Porém, como já se sabe nos nossos dias, o tabaco não deixa só as pessoas menos bonitas, o tabaco mata.
Hoje este artigo não seria escrito da mesma maneira, porque apesar da lenta alteração de mentalidades, acredito que já tenhamos desenvolvido um espírito mais crítico e cívico em relação ao tabaco e aos seus efeitos nada positivos.
Contudo, sei que muitos continuam a fumar e continuam a deixar que esta substância os mate por dentro e por fora, lentamente. Enquanto matam e criam mal-estar aos não fumadores.
Mesmo com a aplicação de novas leis, o tabaco persiste em lares onde crianças crescem acompanhadas pelo fumo prejudicial ás suas vidas. As pessoas persistem em manter-se agarradas a algo que lhe é completamente inútil, desagradável e nocivo. Porquê? Se fumar mata!

Selecções Femininas – parte IV


Conversar, um hábito que se vai perdendo…

"Neste nosso mundo em constante progresso, agitado por invenções extraordinárias e por novas formas de distracção e comunicação, vai-se perdendo, pouco a pouco, o hábito de conversar.
A mais antiga forma de entendimento entre os homens, a conversação, vai ficando suplantada por outras distracções e formas de contacto com o mundo. Senão vejamos. O tempo de que, normalmente se dispõe entre as obrigações escolares, domésticas ou profissionais mal chega para se tomar conhecimento do que dizem os jornais, para se apreciar um filme ou uma peça teatral, ouvir um concerto ou ver os programas da televisão.
A Televisão e a Rádio são distracções que nos entram pela porta dentro, violando a intimidade da nossa casa, trazendo todos os espectáculos ao domicílio, os desejados e os não desejados. Uns e outros acabam por se transformar num hábito que, de repente, se verifica estar a ocupar um lugar demasiado importante na vida de cada um.
A conversa entre amigos ou família vai caindo em desuso. Os antigos serões familiares eram propícios à troca de impressões. As pessoas, para preencher o serão, habituavam-se a narrar os acontecimentos que houvessem presenciado, alguma história que tivesse ouvido.
Nos temos que vão correndo, os membros da família reúnem-se ao fim do dia de trabalho, cada um isolado em si próprio, a maior parte das vezes com os olhos fixos no televisor ou entrincheirado por detrás de um jornal. O ambiente ruidoso não é favorável, e qualquer conversa que se inicie finda ao cabo de alguns minutos. Assim se perdendo o hábito de procurar transmitir aos outros, oralmente, as nossas ideias, o nosso sentir, os acontecimentos do nosso dia-a-dia. São estranhas, umas ás outras, pessoas que vivem diariamente, porque há um mundo de coisas que não foram ditas.
Principalmente as crianças necessitam de exteriorizar, pela palavra, o seu estado de alma, de comunicar os acontecimentos importantes do seu dia, de contar o que aprenderam, o que descobriram. Os pais devem dar-lhes atenção, ouvir, esclarecer e não despachá-los, secamente, para mais depressa voltarem às suas distracções.
Deve ser a dona de casa a encarregar-se de preparar um ambiente propício à troca de ideias, aproveitando para isso, pelo menos, a hora das refeições, tendo o cuidado de evitar que qualquer membro da família ligue a televisão ou o rádio e proibindo, à mesa, a leitura de livros ou jornais.
É de lamentar, por exemplo, a predilecção pelo cinema, demonstrada pelos jovens pares de namorados. Num período da vida onde o interesse principal devia ser o conhecimento recíproco, vemo-los frequentar assiduamente á sessões de cinema, escolhendo um ambiente que, convenhamos, não é dos mais próprios para o estabelecimento de um diálogo construtivo que leve a uma maior conhecimento das qualidades, gostos e aspirações de cada um.
Para receber em casa pessoas amigas, quase parecer ter-se tornando obrigatório haver uma festa ou celebração de qualquer espécie, o que implica muita gente, muito trabalho e muito trabalho para a dona de casa. Principalmente a gente nova aproveita qualquer pretexto para uma reunião, mas ela tem de ser obrigatoriamente, ruidosa. O «pick-up» e os discos são indispensáveis, a não ser que quando estes são suplantados por algum grupo juvenil que, com alguns instrumentos (nos quais se inclui sempre uma bateria) se encarrega de ensurdecer toda a gente. A conversação nestes ambientes limita-se ao mínimo e às simples banalidades. É impossível desenvolver um assunto interessante, com princípio, meio e fim, entre duas danças, dois encontrões, um copo de uísque e uma sanduíche.
Devia criar-se o hábito, mesmo entre os jovens, de reuniões simples, com alguns amigos apenas, tendo como finalidade a troca de ideias, opiniões, até mesmo a discussão de certos assuntos que interessam muito particularmente aos jovens, discussão que poderia ajudar a ver mais claramente certos aspectos do mundo que os rodeia. Não seria difícil manter o interesse destas reuniões, já que, como diz a sabedoria popular, as ideias são como as cerejas, vêm umas atrás das outras. Cada um se enriqueceria com a experiência dos seus amigos, todos ficariam a conhecer-se melhor e os donos da casa poderiam dar mais atenção aos seus convidados.
Transmitir, é o anseio mais premente do homem. Transmitir aquilo que é, aquilo que sabe, aquilo que o seu pensamento elaborou. E, no entanto, nunca consegue realizar esse
Anseio na totalidade. O homem é um ser misterioso que, verdadeiramente, nem se conhece a si mesmo e cuja comunicação aos outros è extremamente difícil e sempre incompleta. Contudo, na medida em que ela for possível, deve ser procurada para que não nos sintamos isolados, incomunicáveis, cercados pelo silêncio."

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Ironicamente, palavras para quê?

Selecções Femininas – parte III

Rifas, Sorteios e Palpites

"Já lá vai o tempo em que, por uma questão de gentileza, os clientes dos estabelecimentos eram obsequiados com brindes pelos proprietários. Sobretudo, as mercearias, aqui há trinta e cinco anos, mandavam a casa dos fregueses as broas do Natal, as amêndoas pela Páscoa e um bolo rei na passagem do ano. Algumas lojas levavam até ao cúmulo da gentileza o ofertarem, uma vez por outra, dois bilhetes para o teatro, atribuídos por rodízio entre a clientela, a qual beneficiava, assim, do bónus que era dado ao estabelecimento, por afixar, nas montras, os cartazes reclamativos dos espectáculos. Hoje quem pede as broas, não ao patrão mas aos clientes, são os empregados, desde o marçano ao meio caixeiro. Alguns até montam, nas lojas, as caixas mealheiros, bem enfeitadas com fitas, onde devem cair as moedas. E o hábito generalizou-se desde a loja de fanqueiro ao talho (que vende, de chapéu na mão, a carne fora da tabela).
Mas, como se isso já não fosse um índice de forma diferente como se processa a vida, agora, a propósito de tudo e de nada, se oferecem brindes por sorteio, com prémios irrisórios. Uma loja dá um garrafão de vinho a quem tiver coleccionado cinquenta tampas do limpa pratos «espuma de Neve», que lava, desinfecta, faz passar a dor de dentes (quando aplicado em bochechos) e ainda serve para perfumar a casa, limpando-a, com o resto, da sujidade. Um outro, porém, oferece uma chávena para o pequeno-almoço, mas só ao fim de lhes terem gasto géneros para 1000 jantares.
Enfim, nesta euforia de contemplar os fregueses, continua a clientela de parabéns, pois já existe quem ofereça, nas compras superiores a 1000$00, um balão para o menino; e a quem comprar uma televisão, um esquentar ou um gira-discos, dão-lhe de graça, um interruptor e uma tomada de corrente.


*

Não se julgue, porém, que é fácil ficar habilitado aos valiosos sorteios que muitos inventam, na ânsia de reclamar os produtos.
Uma grande firma americana fez, junto da clientela, a maior propaganda da cenoura ralada e da salsicha gigante. De entrada, começou por sortear, todas as semanas, um automóvel. Depois, no fim do mês oferecia um autocarro a agora, ao fim de uma no, entre os milhões de compradores dos seus produtos, está em vésperas de oferecer um avião familiar, no valor de algumas centenas de contos. O concurso é original. Assim, no dia fixado, o concorrente tem de dizer a cançonetista, em determinado minuto, cantará na estação tal. Dá-se a lista dos artistas chamados a intervir. Rita Pavone, a trepidante vedeta italiana, cantará o quê? Que trecho executará a orquestra de Paul Maunet? Adamo, Cliff Richard, John Holliday, CharlesAznavour, Julie Andrews, em que minuto cantarão?
Os concorrentes mandam o seu «totobola-palpite», neste campeonato de canções e depois aguardam o resultado.
Como há sempre muitos concorrentes, cinquenta mil acertam no cantor ou na orquestra, ou melhor, no disco transmitido. Esses concorrentes ganham logo um saquinho de caramelos. Depois têm de aguardar o sorteio feito entre os concorrentes – cheios de sorte! – que acertaram em cheio durante doze semanas.
Ao todo, um milhão de candidatos concorre ao prémio do avião, dando pela salsicha gigante e que consomem, também, a farinha de cenoura. Ao fim e ao cabo, é um belo concurso que faz criar o gosto pelas canções e pela música ligeira.
Resta dizer que a fábrica que promove o concurso é a principal accionista da firma gravadora de discos. E assim se consegue, numa penada, vender discos, salsichas e cenouras.
Há muito tempo, em Lisboa, uns grandes armazéns fizeram grande sucesso de vendas só porque metiam nas mãos das crianças balões coloridos, com letras garrafais de reclamo, balões esses que estoiravam sempre antes de terem chegado a casa. Os garotos chorosos, berravam que queriam outro e muitas mamãs, embora contrafeitas, voltavam à loja, e adquiriam uma coisa qualquer que não fazia falta para levarem novo balão.
Com o andar do tempo, os balões eram, afinal, o chamariz do negócio, tomaram tal incremento que as próprias mamãs se sujeitavam a grandes discussões para levarem elas próprias, presos nos dedos, os voadores balões que, ou rebentavam, ou iam pelos ares fora. Mas esse mimo do balão cedo desapareceu e passou, apenas, a ser concedido no Natal ou em dias festivos.
Mas a garotagem já não liga importância nenhuma aos coloridos balões. O que os garotos querem, isso sim, é uma metralhadora, um avião que lance bombas, um submarino que mergulhe no tanque da roupa.
Há ainda, claro, aqueles negociantes oportunistas, armados em empresários de negócios, que oferecem a quem comprar cem latas de cacau concentrado, depois de entregues as senhas respectivas um andar mobilado. Só ao fim de cinco anos se faz o sorteio, entre milhares e milhares de concorrentes… e o andar põe-se a andar para um cliente perdido nos confins da África que nunca chega a saber que lhe saiu qualquer coisa… "
de Manuel Martinho in Revista Selecções Femininas.

***



Segundo este texto de Manuel Martinho, a aplicação das leis de Marketing foram aplicadas em vários sentidos, sempre com o objectivo comum de aumentar as vendas, iludindo os clientes que efectuam compras de determinados artigos em determinados estabelicmentos, em seu favor.
O Marketing tem destas coisas, faz-nos comprar aquilo que não necessitamos e ainda acreditamos que nos será dadas mais-valias por essa compra.
Na breve pesquisa que efectuei acerca da disciplina de MKT, encontrei na Wikipédia, as suas várias definições que apresentam e representam muito bem, o que é o Marketing e como nos influência:
" O conceito contemporâneo de Marketing engloba a construção de um satisfatório relacionamento a longo prazo do tipo ganha-ganha no qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam. O marketing originou-se para atender as necessidades de mercado, mas não está limitado aos bens de consumo. É também amplamente usado para "vender" idéias e programas sociais. Técnicas de marketing são aplicadas em todos os sistemas políticos e em muitos aspectos da vida." Esta será a definição mais completa e actual, há, no entanto, muitas outras que apesar de nos dizerem quase o mesmo, apresentam certas características distintas, vertentes diferentes das várias possibilidades de "fazer" Marketing:
* Marketing engloba todo o conjunto de atividades de planejamento, concepção e concretização, que visam a satisfação das necessidades dos clientes, presentes e futuras, através de produtos/serviços existentes ou novos.
* Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.
* Marketing é a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício.

Por norma, sou bastante céptica, mas devo confessar que muitas vezes caio nas redes do Marketing que me levam a consumir alguns produtos ditos "desnecessários". Não nos podemos esquecer que os meios de comunicação, estão sempre repletos de anúncios que tornam a nossa vida maravilhosa, e no final de contas, não é isso que nós desejamos? É. E caímos que nem patinhos! Os resultados? Muito poucos ou nenhuns, apenas dinheiro mal gasto e tempo perdido.
Contudo, aceito todo este espectáculo em volta das técnicas de MKT e aceito também os seus efeitos directos e indirectos na vida de cada um. Faz parte da nossa actual sociedade - sociedade de consumo.
Aceito e até respeito, mas como sou muito desconfiada... tento, quase, sempre fugir a sete pés!

Selecções Femininas – parte II

Folhas Soltas – um espaço dedicado á veia poética das leitoras da revista.
Neste número, a senhora Maria Maia escreveu:

INDEFINIDO

Uma gota de água,
Uma lágrima!...

Rolaram nas minhas faces.
Felicidade? Alegria?
Não! Tristeza? Monotonia?
Não! Foram lágrimas,
Só lágrimas!

Eu, nada sou. E como tal
Vivo ao acaso. Aqui ali,
Em todo o lado. Vivi.
Vivo Viverei, talvez!
Incerteza habitual.
Cantiga velhinha,
Como aquela:
Era uma vez,

Uma gota de água,
Uma lágrima!...

28 abril 2008

Olá Kitty!

A Hello Kitty é uma gatinha muito engraçada que adora fazer amigos.
É a personagem mais popular da Sanrio e tornou-se famosa em todo o mundo.
A sua imagem de marca é o laço vermelho que usa sempre na orelha esquerda.
É a mascote japonesa que dá sorte a quem a usa.

22 abril 2008

my melody


My Melody nasceu na floresta de Mariland a 18 de Janeiro de 1976.
A My Melody vive com a sua mãe, avó e o irmão, Rhythm.
Ela é muito simpática, muito atenciosa e como não poderia deixar de ser, também é muito brincalhona. O seu passatempo preferido é fazer bolinhos com sua mãe e o seu alimento favorito é o bolo de amêndoa - que ela adora comer juntamente com o seu melhor amigo, um rato…

21 abril 2008

made in Portugal

Na edição de 12 de Abril do Expresso, o suplemento de Economia revela a estratégia da AEP para promover a aquisição de produtos nacionais.
Desta feita, várias campanhas já foram apresentadas e outras virão...

"Portugal faz bem" e podemos descobri-lo nos códigos de barra: 560 .... ... .... ....... .... ..
"Compro o que é nosso" e teremos a oportunidade de contribuir para um melhor desempenho da economia nacional.
"Mude de atitude, compre português" e aumentamos o mercado nacional. Aumentamos não só a quantidade mas também a qualidade.
"Cá se fazem, cá se pagam" para dinamizar a auto-estima lusitana.

Eu também quero ajudar!
Assim, deixo aqui alguns produtos nacionais que tão bem conhecemos mas que esquecemos.






O que é Nacional é bom!

lux | planta | fula | shampoo - ovo creme






Selecções Femininas - parte I

Ao lado da minha Brother 210 encontrei uma revista feminina de Fevereiro de 1967 - Selecções Femininas, n.º 147.
Uma capa branca com lettring preto e vermelho, e Lídia Franco, "uma artista portuguesa de categoria internacional" compõe a totalidade dos 7$50 gastos nesta edição.
Ao folhear deparei-me com temas que ainda são tão actuais.
Assim, vou aproveitar este espaço para transcrever alguns artigos de maior interesse e apresentar os seus maravilhosos anúncios. Neste primeiro momento, vou transcrever as primeiras duas páginas do Pórtico com o título:

Um pouco mais de respeito pela sensibilidade das crianças

"Assim não está certo! Não está certo porque é crueldade. E a crueldade, quando atinge a sensibilidade de uma criança, torna-se, aos seus olhos inocentes, algo de monstruoso que pode marcar, para sempre, a sua alma sensível. A criança, é necessário não o esquecer, tem um poder extraordináriode absorção que lhe permite impregnar-se, mesmo involuntáriamente, de tudo o que, bom ou mau, se passa à sua volta. Atente-se, por exemplo, que a criança começa desde o berço a imitar os que a rodeiam: fala, porque ouve falar (na língua que ouve); anda na posição erecta, porque vê assim andar os demais; come, porque vê comer e daí por diante.
Sendo assim, não se compreende, pois, que não haja, por parte de certos adultos, um maior cuidado nas palavras e atitudes na presença de crianças. Esquecem, ou parecem esquecer, essas pessoas, que a educação, a cultura e o bem-estar de um povo podem ser medidos pelo comportamento das crianças que fazem parte desse mesmo povo.
No entanto, e por estranho que pareça, mais do que quaisquer outras, são essas pessoas as que mais indignamente erquem a voz para não só lamentar como acusar a juventude de hoje de falta de pudor, de irreverência, de inconformismo e de tudo o mais que, segundo elas, torna o mundo em que vivemos presentemente num mal disfarçado chiqueiro moral.
É certo que boa parte da juventude de hoje é turbulenta, inconformista, irreverente, exibicionista, materialista. Gosta de se divertir ruidosamente, comete exageros que chegam a confundir-se com barbarismos. Envereda pelo caminho do crime com uma naturalidade aterradora. Mas tudo isto porquê? Porque vive num mundo que não constuiu. Porque vê os seus maiores faltarem, cinicamente, aos mais fundamentais deveres. Porque ouve falar de paz e só lhe oferecem guerra. Porque raro tem oportunidade de se sentir pior do que os adultos. Mente porque lhe mentem. Vive desenfreadamente porque se sente com vigor, sem fé e sem confiança nos adultos.
Poder-se-á perguntar porque razão a nossa juventude (que felizmente de uma maneira geral, está integrada na parte que não é a «boa parte» a que atrás nos referimos) se comporta de forma a não nos desgostar tanto e, consequentemente, a preocupar-nos menos?
A resposta, a nosso ver, há que encontrá-la na nossa tradicional vida de família, ainda não totalmente adulterada por modernismos estrangeiros; no facto de termos sido poupados, na quase totalidade do nosso território (excepção para Timor) ao mais macabro conflito armado da história da Humanidade; por fim, ao nosso pendor para o sentimantalismo e à nossa formação espiritual, profundamente cristã.
Sendo assim, parece que, neste capítulo da educação moral e cívica, entre nós tudo caminha às mil maravilhas e que não há razão para temores. Mas aí é que está o erro. Se causar apreensões, isso não quer dizer que não façamos quanto em nós caiba para a amparar, para a defender, para a orientar cada vez com mais devoção, cada vez com mais carinho, cada vez com mais confiança no seu provir, cada vez com maior sentido das responsabilidades que sobre nós impedem.
Logo, temos que procurar captar a sua confiança, fortalecê-la e a ela, depois, corresponder.
Mas todos os esforços serão baldados, todas as boas intenções serão inoperantes, enquanto houver quem de ânimo leve, com absoluta e confrangedora ignorância dos mais elementares preceitos pedagógicos, se permita a comportamentos como o que teve ou tiveram um ou mais funciónários do Município de Almada e de que foram vítimas três jovens rapazinhos.
A história, que lemos num conceituado jornal da tarde, conta-se em poucas linhas. O seu significado, esse por incocebível!, chegaria para encher todas as páginas desta revista (e muito ficaria por escrever) se nos propuséssemos analisá-lo desenvolvidamente.
Há tempos, um pobre cão foi abandonado pelos donos. Passou fome, sofreu maus tratos até que três rapazinhos, condoídos da sorte do pobre canídeo, resolveram tomá-lo à sua guarda e elegê-lo companheiro inseparável das suas brincadeiras e de todos os momentos livres. Cuidavam-no com desvelado carinho e o fiel animal retribuía com afecto a dedicação. E aquela amizade entre crianças e bicho decorria normalmente. Até que alguém, «adulto», achou por bem pôr termos àquele estado de coisas: as crinças eram felizes com o seu cão, o cão era feliz com os seus jovens donos. Havia, pois, que acabar com tão «incomodativa» amizade.
Como se deve calcular, às crianças nunca ocorrer que, para ter por amigo sincero um pobre cão, fosse indispensável pagar uma licença. Mas alguém, «adulto», zeloso dos interesses municipais e da saúde pública, denunciou os jovens donos do canídeo de propriedade ilegal do mesmo: falta da licança camarária e demais preceitos legais.
Perante a denúncia, os serviços respectivos prepcederam de acordo com a lei: o animal foi levado para o canil municipal. Para o resgatarem teriam os seus jovens donos de pagar a respectiva multa, a alimentação do bicho durante o tempo que este estivesse no canil e ... a tal licença, cuja falta estivera na base de todo o imbróglio.
As três crianças, dando mostras de uma determinação que deve ter feito corar certos adultos, reuniram as suas modestas economias, abriram uma subscrição e conseguiram assim reunir uns centos e poucos escudos. Com esse dinheiro todo, com o qual pensavam poder comprar o Mundo, lá foram, ufanos da sua força de vontade, felizes por irem poder desfrutar da companhia do fiel companheiro, para resgatar o pobre cão. Mas, ao contrário do que supunham, a «sua fortuna» não chegava parra comprar o Mundo, nem mesmo para pagar o resgate de um cão indocumentado.
E é então que começa a maldade sem nome. É então que aquelas três crianças são vítimas da falta de compustura (chamemos-lhe assim...) de um ou mais funcionários rudes como granito que informaram as desoldas crianças de que a quantia a pagar pelo resgate do cão era muito superior àquela que eles tinham conseguido arranjar e que, por isso, deviam arranjar o resto. Caso contrário (pasmai, ó gentes) o cão seria abatido para depois servir de alimento às feras do Jardim Zoológico de Lisboa...
Calcule-se a aflição, o choque emocional sofrido pelas três crianças. O seu cão iria ser dado a comer às feras, caso elas não arranjassem mais dinheiro.
A revolta e o desânimo instalaram-se nas suas almas inocentes, onde não ficaria, a partir de então, espaço para a fé, a confiança, o respeito e a amizade que todas as crianças têm indispensável necessidade de sentir pelos adultos.
Felizmente, mais uma vez a União Zoófila interveio, chamando a si a incumbência de salvar, não só a vida de um cão, mas o que é mais, mesmo muito mais, a confiança abalada de três crianças.
Bem haja a prestimosa União Zoófila pelo seu magnífico gesto, e oxalá os funcionários municipais que tão desamorosamente se comportaram saibam, de futuro, melhor coordenarem as suas atribuições profissionais com a compreensão que é devida a todas as criaturas e mais particularmente às crianças."

***

Uma história com final feliz mas que poderia não ter e trazer consequências maiores na estabilidade emocional destas crianças. Gostava de destacar que ao longo desta intervenção, encontrámos temas tão actuais como o abandono de animais, a postura e comportamentos dos portugueses em geral e dos funcionários públicos em especial, a necessidade de socialização das crianças, a questionável educação cívica e moral aplicada ainda nos dias de hoje.. enfim.. é certo que em Fevereiro de 1967 já existiam estas preocupações sociais e infelizmente continuam a persistir e agora de forma mais acentuada. Porquê? 41 anos não foi o suficiente para alterarmos a nossa mentalidade e com isso melhorar as nossas atitudes e comportamentos. É triste, mas é a verdade... Eu pergunto, quanto tempo mais será necessário?





18 abril 2008

Libertem o Tibete!


Os incidentes na capital tibetana ocorreram no âmbito de uma campanha de protestos empreendida pelos monges budistas para recordar o aniversário da fracassada rebelião tibetana contra o poder chinês em 1959, que motivou a fuga para o exílio do Dalai Lama.
Estes acontecimentos, surgem devido a quase 60 anos de ocupação, opressão e violação dos direitos humanos por parte do governo chinês.
Em 1950, o Tibete foi ocupado militarmente pela China e o governo de Pequim ainda argumenta que este território faz parte do seu país.

Já chega, está mais do que na hora de libertar o povo tibetano.

17 abril 2008

week of storm




Em pleno mês de Abril é habitual chover, já nos diz o velho provérbio “ Abril, águas mil”.




O que não é habitual é este frio de rachar que eu sinto nos ossos..
Os alertas vão desde o amarelo ao vermelho, passando pelo laranja, mas a verdade é que os dias estão muito cinzentos..

Mais uma semana de tempestade escura.

15 abril 2008

presente da nika para a bete


obrigado amiga.

matrioshka | matriochka | matrioska | матрёшка | матрешка | matryoshka

Tem uma história de mais de um século.
São o símbolo tradicional da arte russa imperial (antes de 1917). O nome Matryona ou Maiyoshka era muito usado como nome de mulher, deriva do latim: "mater" que significa mãe. Caracterizam a imagem formal e robusta de uma matrona, descrevendo os costumes e a cultura do povo russo.
Simbolizam a família e a fertilidade.
Como dito popular, costumam chamá-las de bonecas da sorte. Cada lar russo possue uma delas, encaixadas ou abertas, para que existam os bons fluidos e a união familiar. Caso queiramos lhes formular um desejo, devemos escrever um bilhete e guardá-lo na segunda boneca, prensada pela menor, juntando-as assim, uma dentro da outra, por uma noite.
No dia seguinte, deve-se abri-la e deixá-las desta forma, até o próximo desejo.

in www.ciadasterras.com.br

10 abril 2008

Candy Cane

os amigos são a minha doce bengala

my toKidoKi toys

A girafa Vete


“Era uma vez uma girafa.
A girafa Vete.

Era muito grande. Tão grande, tão grande, que era sempre a maior de todos os seus amigos.
Ela não percebia muito bem porquê, mas já estava mais ou menos habituada.
Vete tinha 7 anos era muito vaidosa, um pouco distraída, mas muito boa amiga.
Tinha 26 manchas castanhas e era amarela.
Vete tinha uma característica muito especial, que a tornava diferente das outras girfas e que a fazia ficar muito triste.
Ela era didimensional.
Nunca ninguém tinha visto mais nenhum lado da Vete a não ser aquele das 26 manchas, de olho cor de rosa, e das suas patinhas pequenas.
Ela ficou muito triste quando um dia alguém da sua classe a colou com fita-cola à janela da sala de aula.
Foi muito triste para casa e pensou que um dia, iria fazer da sua bidimensionalidade algo de muito especial e que todos a iam conhecer por isso.
Tomou a decisão de se tornar famosa.
Só não sabia muito bem quê…
Vete passou os três meses seguintes a pensar nisso.
Pensou, pensou, pensou, pensou tanto, que uma das suas manchas a ameaçou mudar de lugar.
Até que um dia teve um principio de uma ideia.
Era uma ideia ainda muito pequenina.
Vete pensou que poderia fazer parte de uma folha, que andasse sempre com alguém, ou então de um conjunto de folhas.
Pensou num livro.
Depois de pensar mais alguns dias decidiu que não queria fazer parte de um livro, porque já havia muitos livros com girafas, mesmo sendo ela a única Vete bidiomensional.
Mas ainda não era bem isso que ela queria.
Pensou então num caeerno de contas, mas Vete não gostava de números e muito menos do sinal de vezes.
Pensou num caderno de desenho, mas não queria que desenhassem em cima dela.
Passou mais uns dias a pensar, ela sabia que estava muito perto de achar a solução ideal.
Até que numa bela tarde, Vete teve uma ideia – uma agenda!
Sim, era isso mesmo que ela queria.
Em vez de 15 minutos de fama, ela queria 365 dias sópara ela.
E assim conseguiu: uma agenda amarela como ela, e cheia de manchas como as delas.
E teve ainda muita sorte em encontrar uma dona com um nome muito parecido!”
De Flávia Rodrigues.

Para recordar a tua criatividade.

07 abril 2008

O gelado do estagiário

Saudadinhas...

portALEGRE05

Chuva
Dois amigos encontravam-se numa esplanada a beber um café, em pleno mês de Janeiro.
Ao lermos este parágrafo estranhos de certo a junção das palavras esplanada e Janeiro. Pois é. Estranhamos e logo entranhamos. E assim foi. O mês de Janeiro permitiu belos serões em esplanadas, apanhar os raios de sol que incidiam, doentiamente, sobre as nossas cabeças descobertas e despreocupadas. Despreocupadas de tal forma que até nos esquecemos que durante todo este Inverno só o frio foi rigoroso. Sim. Porque a chuva ainda não apareceu.
Agora, pondo-me ao lado destes dois amigos numa esplanada soalheira, daria por mim a pensar em alto – “Este ano o governo ainda terá que subsidiar os vendedores de chapéus-de-chuva.”
De certo não será assim, mas quase. A falta da chuva faz-se agora sentir de uma forma mais preocupante. E se pensarmos que todos os santinhos ajudam a descer, enganamo-nos. A chuva não desceu. E o que faz o povo miúdo quando nem a chuva miudinha chega? Procissões…
E pronto! Dou por mim, novamente, na companhia daqueles dois amigos, com um café e um copo de água a acompanhar.
Oiço-os a conversar.
Falam da falta de água.
Março 2005

Estante
A minha estante. Nunca antes tinha pensado nela. È uma estante de ferro, de cinco prateleiras montadas pelo meu pai. Imagino-a como um prédio de habitação.
A primeira prateleira, a contar de baixo, está repleta de livros, dicionários, catálogos de moda, dvd’s, cd’s e arquivadores. Sim. Seria deste modo que eu a descreveria. Mas agora reparo, é nesta prateleira que eu deixo sempre as minhas chaves de casa. Entro em casa e zás-tráz, atiro-lhe com as chaves.
È uma prateleira muito prestável. Se calhar é devido à sua altura, um palmo abaixo da minha cintura.
Humm… boa altura.
E além das chaves, objecto constante mas não permanente, esta prateleira tem ainda a moldura de madeira com a fotografia dos meus pais. Ainda me lembro quando os fotografei. Tínhamos ido à deriva, percorrer o Sul do país durante quinze dias, acampando sempre nas barragens alentejanas e visitando toda a Costa Algarvia e Vicentina. Belas férias. Creio que a partir daí nunca mais voltei a passar férias com eles…
Já no andar de cima, observo todos os meus objectos pessoais. Nele está um cesto de verga, forrado de tecido em tons de branco e bege, cheio de produtos de higiene e beleza. Encontro três “contentores” onde guardo as minhas vaidades. Ganchos para o cabelo, brincos, anéis, pulseiras, colares, pregadores.
E ao seguir com o olhar todos estes objectos, vejo que tenho a fotografia da Maggie. Afinal esta prateleira também suporta o ligeiro peso da forte saudade que sinto…
Segunda prateleira a contar de cima ou quarta prateleira a contar de baixo, onde livros e cadernos são o cenário de fundo.
Os cadernos e livros.
No andar de cima, a última ou a primeira prateleira – como preferirmos – é onde se acumula tudo o que não cabe nas restantes:
O jogo Monopoly.
As revistas Vogue.
O antigo aquário do Emanuel.
A máquina fotográfica.
A caixa das fotografias.
Muito pó.
Nunca dei muito valor a este objecto – estante.
E no entanto, o que seria do meu espaço sem ela?...

Não. Não me esqueci da terceira prateleira, a prateleira intermédia. È no meio que está a virtude.


Sem título
O nosso pensamento é rápido como uma lebre feroz ou lento como um caracol com os corninhos ao sol. È falso como um gato vivido ou verdadeiro como um cachorrinho. È malandro como um macaco bebé, sensível como uma andorinha ou agressivo como uma leoa que caça.
O nosso pensamento consegue ser saudável e doentio.
Em certos momentos, consciente e nesses mesmos momentos completamente inconsciente.
Escuro que nem trevas e tão claro que nem a água pura.
Ele pode ser o nosso melhor amigo e o nosso pior amigo.

E então?

Bem. O nosso inimigo é rápido ou lento. É falso ou verdadeiro. Malandro, sensível ou agressivo.
O nosso inimigo consegue saudável e doentio.
Em certos momentos, consciente e nesses mesmos momentos completamente inconsciente.
Escuro que nem as trevas e tão claro que nem a água pura.
Ele pode ser o nosso melhor amigo ou o nosso pior amigo.

Como poderão estes dois objectos serem tão semelhantes em tão semelhantes definições? Ironia? Destino? Ou simplesmente – “ o nosso pensamento é o nosso maior inimigo”?


Sem título
“Tinha estado doente durante muito tempo. Quando chegou o dia de sair do hospital, já mal sabia andar, mal conseguia lembrar-me de quem é que eu poderia ser. Faça um esforço (…)” diziam-me os enfermeiros que me tinham acompanhado dentro do hospital.
Todos os enfermeiros e médicos sempre foram muito pacientes e calmos. A sua positividade e generosidade foram fundamentais para a minha recuperação. Eram todos muito inteligentes e discretos, apesar de exibirem as suas batas brancas que até doía ao olhar.
Não sei se por sorte ou por qualquer outra razão. Todos os docentes do meu hospital sempre me trataram maravilhosamente.
Até um dia… O meu novo médico era um homem elegante com uns grandes olhos negros, pele bronzeada e cabelos lisos pretos. A sua postura perante os seus doentes era de arrogância, desprezo sem qualquer vontade de nos ouvir.
Este senhor doutor era, exactamente, o oposto de todos os outros que envergavam aquelas batas brancas. Era um médico pessimista e sem qualquer esperança pela vida. Tinha-me dado como morta. Porque seria ele médico?
Mas, “agora que eu desmentira as previsões e que, por alguma razão, teimara em não morrer, que escolha é que eu tinha senão viver como se uma vida futura estivesse á minha espera?”
Excertos do livro “A noite do Oráculo” de Paul Auster.

Sem título
Cheguei. Cheguei à cidade. Cidade pequena e aparentemente pacata. Cheguei ao local onde já devia ter chegado. Cheguei e estacionei-me a um canto a analisar.
Muitas pessoas passeiam os seus distintos corpos pelo pátio da entrada. Uns sorridentes e estridentes, outros nem tanto. Uns balançam os seus corpos jovens, outros contrabalançam os seus corpos, mais usados, de um modo estático. Uns deslocam-se em grupo. Grupos pequenos de duas, três pessoas. Grandes grupos, com um número que não consigo contar. Outros movem-se solitariamente.
Volto a analisar. Analiso melhor. Todos trazem consigo malas e pastas, sobem e descem a escadaria principal.
Parecem todos iguais.
Maio 2005

Sem título
Subi as escadas com o intuito de aprender um pouco mais. Dirigi-me até à sala e procurei-o. Já o conhecia de vista. Sabia como ele era: quadradão e muito pesado. Sabia também, que iria encontrar tudo nele. Mas eu não queria encontrar tudo. Encontrei-o.
Comecei pela letra C.
“Contraste, s. m. efeito de acentuação de uma oposição qualitativa ou quantitativa entre duas coisas ou pessoas das quais uma faz realçar a outra; (…)”
Continuei a procurar, desta vez pela letra S e encontrei “Semelhança, s. f. qualidade de semelhante: parecença; analogia; conformidade; (…)”.
Li e reli. Ao lê-las ocorreu-me de imediato a ideia de contraste bem vinculada entre estes dois termos. O contraste poderá ser, perfeitamente, o antónimo de semelhança. Ou seja, o contraste é o contraste da semelhança. É engraçado pensar nisto.
Um é masculino, outro é feminino, ora aí está outro contraste!
E na continuidade do meu pensamento, ocorre-me a ideia de semelhança. De facto, estes antónimos poderão ter as suas semelhanças. Se não, vejamos. Tanto um como o outro só funcionam entre dos objectos, os dois pertencem à mesma classe gramatical e quase que têm o mesmo número de letras na sua constituição.
Parei. Fechei-o.
Fico feliz por este momento.

Sem título
Feriado, dia 10, dia de descanso. Porém, nem para todos, eu estava ali às voltas com o meu primeiro exemplar.
Era algo muito importante para mim. Sabia que o primeiro era essencial para todos os outros, se houvessem outros…
Feriado, dia de sol, dia de calor. Olho para o relógio digital
17.05H
Fiz rascunhos, muitos rascunhos. Li e reli.
23.05H
O primeiro exemplar estava terminado.
23.06H
Só eu sabia o quanto estava feliz.
00.35H
Adormeço radiante.
Passados 365 dias e 6 horas – Feriado, dia 10, dia de descanso. Porém nem para todos, eu estava ali às voltas com o meu segundo exemplar.
Passados 366 dias e não sei quantas horas – Feriado, dia 10, dia de descanso.
Eis o meu terceiro exemplar.
23.05H.

62
Ao descer a rua cheia de lojas, montras, manequins vestidos e semi-nus, electrodomésticos, cefés, esplanadas. Calçada, calçada azul, colorida, cheia de luz e barulho. A rua é sempre a descer. Casas resturadas, casas velhas, a cair; muitas portas, muitos números, muitas vidas, muitas mortes?
Obsrevo tudo o que me rodeia: as pessoas saem, entram e ficam entre as portas; falam, gritam, sussurram, alegres, tristes, nervosas, cansadas ou acabadas de acordar; são pessoas.
Continuo a descer.
Vou girando a minha cabeça, o meu olhar e encontro o onze no lado esquerdo, o doze no lado direito. O treze, o quinze, o dezasete, o dezanove, o vinte-um, o vinte-três, o vinte-seis, o vinte-oito e o vinte-nove, o trinte-um e o trisnte-dois, no meu lado esquerdo. O cartoze, o dezaseis, o dezoito, o vinte, o vinte-dois, o vinte-quatro e o vinte-cinco, o vinte-sete e o trinta, no meu lado direito.
Suspiro, cheguei.
Abri a pequena portina de metal, fria, gasta, amolgada, da caixa do correio. Com um certo de jeito, consigo reitrar a chave que lá se encontra, colada com fita cola.
62.
Escadas, muitas escadas com degraus altos, sujos, acompanhados por um corrimão de ferro mio solto, sujo, torto, cheio de ferrugem.
Subo até ao topo. É escuro, sombrio, frio, medonho.
Mais escadas? Sim. Mas desta vez, cobertas de carpete verde de veludo, sujo, gasto, frio, mal tratado, infinito?
Não. É apenas ilusão óptica. O espelho de ferrugem, pó e partido nos cantos, dá-nos a sensação da continuidade da escadaria.
Espelho ao topo das escadas. E eu subo.
Não é ilusão, a escada continua. Tem um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez degraus sujos, forrados a veludo verde velho, cheio de pêlos, nódoas, pó e de mais alguma coisa que possivelmente desconheço.
Termino. Um corredor sem luz, escuro, sombrio tal como a escadaria. Espreito, consigo ver quatro portas brancas. Haverão mais? Brancas, mas também sujas, mal tratadas, velhas, com pequenos e descoldados autocolantes.
Há um interruptor. Click, nada de novo, nem uma só luz acendeu para me iluminar.
Sigo pelo corredor, pisando aquele chão, continuamente me parece estragado.
Vou até ao fim.
A porta empenada, ao meu lado direito, está entreaberta.
Espreito.
Encontro aquilo que procurava.
Junho 2005

03 abril 2008

Bang bang, my baby shot me down

I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down.

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down.

Music played, and people sang
Just for me, the church bells rang.
Now he's gone, I don't know why
And till this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie.

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound

Bang bang, my baby shot me down...
By Nancy Sinatra

Porque gostei da noite, porque gosto de polaroids e porque sempre quis por uma on-line!