21 janeiro 2008

idEntiDADE pERDida E achAdA eM Londres

Os passeios pelas agitadas ruas de Carnaby chegaram ao fim cedo de mais, era noite do dia 17 de Janeiro. Tinha perdido a minha identidade. Na metrópole londrina, eu não era ninguém, nem eu mesma.
Naquela cidade ninguém é ninguém e porém todos são alguém. Lá nascem e se constróem identidades. A minha, perdeu-se. As ruas foram revistas, pés a pés, os caixotes do lixo observados de lado nas ruas escuras e húmidas que contrastavam com as luzes dos espaços de onde expeliam grandes bafos de ar quente. E de momento, eu não sentia nem calor nem frio. Apenas um arrepio continuo.
Na manhã seguinte, cinzenta como sempre, rumamos para Oxford Circus.
O idioma era o mesmo e as atitudes provinham, muito claramente, das terras lusas: sentia que estava perto de me encontrar. Mas não.
Perdidos e sempre achados, guiados por mapas e indicações, a Miss Police simpática, descriminou: Ten Euro and £30 – one violet colour purse, one bank card, I.D card issued Portugal, one driving licence, one medical card…Circumstances of the loss: not known last seen in O’Neils.
Os nossos pés deslizavam na calçada regular e húmida entre Oxford Circus e Tottenham Court Road.
Pés deslizantes como fantasmas que passavam anónimos pelas ruas daquela grande cidade.Papeis, descrições, fotocopias, fotografias, assinaturas, telefonemas, faxes, testemunhas para confirmar que eu era eu, eu e mais ninguém.Com o tempo contado, minutos e segundos apertados, o pânico já estava instalado.
Teria eu de continuar a ser ninguém em terras desconhecidas?
Teria eu de passar dias e noites em áreas internacionais?
Teria eu de ficar onde não queria, quando o que mais tinha desejado era ir?

Não.

Com ar de ex-presidiária, olhos inchados e cabelo despenteado, a minha fotografia ornamentava o Provisional Travel Document.
Eu estava de volta a mim própria. E podia voltar a Portugal.

E voltei.
Thanks to everyone for everything For good times and bad times.

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